Polêmica na cidade de São Miguel dos Campos: Será que o Prefeito agora é pai de santo ? ou simplesmente vendeu sua alma e deu a cidade como oferenda ?

Um pouco de História do Brasil e suas Matrizes Afro para que possamos intender esse enredo.
Num país onde a história do negro tem sido silenciada, ocultada e negada, ainda tendo a cor branca como atestado de boa conduta, não pode ser no mínimo estranho o esmaecimento da história das palavras dessa origem étnica, dentre elas o vocábulo “kalunga” que, apesar do seu inegável valor histórico e sua indiscutível riqueza semântico-filológica, é também vítima da discriminação, da repressão e da violência, às vezes, institucionalizadas e camufladas, mas permanentes e dolorosas, preservando hierarquias e racismos. Além desses estigmas, sabemos não ser fácil escrever a história e significados da palavra epigrafada, vinda de povos e culturas bantos, com cerca de 500 línguas desse grupo faladas na África negra, fundamentadas em forte parentesco e milhares de raízes das quais várias vieram para o Brasil, entre elas o quicongo, o umbundo e o quimbundo que, pelo seu uso mais extenso e mais antigo no Brasil, é de onde vem o vocábulo “kalunga” e o seu homônimo no vernáculo, calunga.
Assim, não há dúvidas de que Kalunga, da língua africana kimbundo, de que também se derivam o quimbundo e o “calunga” do falar brasileiro, deixando a maior parte das palavras de origem africana no Brasil, tem sua origem histórica nas predominantes culturas bantas cujas línguas influenciaram decisivamente o idioma que se fala hoje no País, não sendo novidade, portanto, no cotidiano brasileiro, palavras como: angu, angico, bombo, caçamba, cachimbo, cacimba, cafundó, dendê, dengoso, embé, encabulo, fandango, fubá, gambá, gamboa, humbo, hungu, Iaiá, inquice, jaculelê, jongo, lambança, lero-lero, mandinga, macumba.
Já se vê, assim, que os africanos associavam a palavra Kalunga à morte e ao mundo dos mortos, um jeito muito diferente do nosso, vale dizer, da cultura ocidental, sobretudo de nossos dias, para a qual o cemitério – morada dos mortos – é um lugar triste e assustador, enquanto para os povos citados, kalunga era o que tornava uma pessoa ilustre e importante, porque mostrava que ela tinha incorporado em sua vida a força de seus antepassados, sendo assim que agiam os reis, que só governavam enquanto eram capazes de manter seu povo unido em torno dessa força comum dos antepassados. Por isso, no cortejo dos reis e rainhas dos maracatus, sempre foi obrigatória a presença da boneca que chamam calunga, como símbolo da realeza africana e do poder dos ancestrais, sendo, por isso, ainda, que apesar de todos os imperialismos, figurando como um dos piores o levando o terror e a miséria a todos os continentes, sem muito esforço, até agora se nota nas manifestações culturais dos afro-brasileiros, ou afrodescendentes da erudição acadêmica, a prestação de culto aos seus antepassados, manifestada de diferentes maneiras pelo Brasil afora, podendo ser destaque o que ainda acontece anualmente em o Auto do Quilombo ou Dança dos Quilombos, na Serra da Barriga, e cidade de União dos Palmares, em Alagoas, através de dança guerreira entre negros e caboclos.
Voltando para polêmica do município de São Miguel dos Campos, o fato é hoje dia 15 de julho 2020 o atual Prefeito, inaugurou uma estátua que tem como símbolo as Taieiras (dança folclórica de matriz afro que faz alusão aos santos) representada por Caterine e sua boneca Calunga. Caterine é introduzida na cultura popular de vários folguedos do estado de Alagoas principalmente em culto de casas de Axé, Caterine é Exu Mirim ou Pombagira Menina, entidades do candomblé. A pergunta é: que critério avaliativo levou o gestor e seu ex Secretário de Cultura a cometer esse grande furdunço na cidade? Será que ele não sabe que hoje 65% da população do município são de base evangélica? Ou será que ele fez um pacto e deu a cidade como oferenda? Fica a dúvida! Ele nem sabe quem são seus eleitores, nem muito menos seu secretário que não tem nem um artigo publicado e se diz ser historiador. Amadores e falta de discernimento faz a gestão desastrosa, vamos esperar qual vai ser o próximo monumento e quanto vai custar para os cofres públicos, sabendo que o atual gestor ele é o menino do milhão, nunca vi tanta obra custar tão caro.

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Por Givaldo Luiz

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